Colonialismo

Cine Debate Online

25 agosto 2021
16:30 a 18:30

Colheita: 3000 anos (Mirt Sost Shi Amit) fornece uma imagem épica e dura da vida dos camponeses na sociedade rural contemporânea da Etiópia, que apesar de algumas indicações de modernidade, ainda parece estar imersa em outra época. É a descrição da luta e resistência de um povo contra o abuso de grandes latifundiários, transmitida com o poder do cinema de vanguarda. Ele evoca a História do colonialismo italiano, que deixou seus traços indeléveis no preto e branco da película. Colheita: 3000 anos é uma obra-prima atemporal, um poema visual que possui o poder, expressividade e fisicalidade do cinema mudo. Ele representa um grito de socorro, uma condenação que se manifesta através de uma forma clara e sólida do cinema em cada quadro.

Fonte: MKO


"Eu sempre me emociono com filmes feitos por necessidade, por pessoas que simplesmente tinham que pegar uma câmera e filmar, para contar uma história que ninguém estava contando. Particularmente quando os filmes são feitos em circunstâncias difíceis. É fácil para nós, nos Estados Unidos e na Europa, tomar os nossos sistemas como base. Fazer um filme é sempre difícil, mas fazer um filme em uma nação subdesenvolvida, durante um estado de agitação, para e sobre uma população que terá pouca chance de vê-lo, é quase impossível.

O grande cineasta etíope Haile Gerima veio a UCLA para estudar cinema no início dos anos 70, e foi nessa época que ele concebeu e fez o filme que vocês estão prestes a ver. Colheita: 3000 anos foi filmado em 16mm preto e branco, durante as duas semanas de férias de verão de Gerima, com não-atores falando em Amárico, durante as guerras civis. Ele foi feito em fuga, logo após a derrubada de Haile Selassie e pouco antes da instalação de uma ditadura militar. Acima de tudo, Gerima estava preparado para adaptar o tema de seu filme para os mais recentes desenvolvimentos políticos. Condições difíceis, você poderia dizer. Eu diria que quase impossíveis.




 Convidado: 

Prof. Ms. Valter Zaqueu Santos da Silva (@negu.zaca)

Mestre em História pela Universidade Federal de Alagoas. Doutorando em História pela Universidade Federal da Bahia. Vinculado ao Laboratório de História e Memória da Esquerda e das Lutas Sociais LABELU-Universidade Estaudal de Feira de Santana (UEFS), onde desenvolve pesquisa na área de História Social, relacionada aos processos de desenvolvimento urbano industrial no Brasil na segunda metade do século XX. 





Sobre o Diretor do filme:

Gerima narra o cotidiano dos camponeses, desde o amanhecer até o pôr do sol, do seu trabalho nos campos ao trabalho doméstico, com a precisão do documentário e intensidade visionária, de um ponto de vista em que o realismo cru é contaminado pelas profundezas habitadas por pesadelos, sonhos e sinais, por vezes grotescos, e por uma galeria de rostos inesquecíveis esculpidos no tempo (cinematográfico).

Com Colheita: 3000 anos e suas outras obras, Haile Gerima, o cineasta mais importante da Etiópia e um expoente de valor inestimável da diáspora Africana, criou um gênero original e necessário, examinando a História e as memórias do povo etíope, de escravos africanos deportados e da comunidade afro-americana. - Giuseppe Gariazzo

Haile Gerima nasceu na Etiópia em 1946 e emigrou para os EUA em 1968. Escritor, filósofo, produtor e realizador com uma vasta produção cinematográfica independente, Gerima trata temas relativos aos problemas de integração social e racial.


Ficha Técnica

Gênero: Drama
Diretor: Haile Gerima
Duração: 2h 17mn
Ano de Lançamento: 1976
País de Origem: Etiópia
Idioma do Áudio: Amárico

Leopardo de Prata e Prêmio do Júri Ecumênico - Locarno International Film Festival, 1976

Como participar:

1. Inscrição gratuita para receber os links de acesso por email (clique aqui)
2. Assista o filme com antecedência (o link fica disponível por 48h)
3. Entre na sala virtual no dia e horário programados 
(permanência na atividade mínima de 75% exigida para certificação)
https://youtu.be/bTgcQAnST18
Coordenação: Prof. Ivone Maia de Mello




Crítica

"Eu sempre me emociono com filmes feitos por necessidade, por pessoas que simplesmente tinham que pegar uma câmera e filmar, para contar uma história que ninguém estava contando. Particularmente quando os filmes são feitos em circunstâncias difíceis. É fácil para nós, nos Estados Unidos e na Europa, tomar os nossos sistemas como base. Fazer um filme é sempre difícil, mas fazer um filme em uma nação subdesenvolvida, durante um estado de agitação, para e sobre uma população que terá pouca chance de vê-lo, é quase impossível.

O grande cineasta etíope Haile Gerima veio a UCLA para estudar cinema no início dos anos 70, e foi nessa época que ele concebeu e fez o filme que vocês estão prestes a ver. Colheita: 3000 anos foi filmado em 16mm preto e branco, durante as duas semanas de férias de verão de Gerima, com não-atores falando em Amárico, durante as guerras civis. Ele foi feito em fuga, logo após a derrubada de Haile Selassie e pouco antes da instalação de uma ditadura militar. Acima de tudo, Gerima estava preparado para adaptar o tema de seu filme para os mais recentes desenvolvimentos políticos. Condições difíceis, você poderia dizer. Eu diria que quase impossíveis.

Esse sentimento de impossibilidade permeia cada quadro do filme. Tem um tipo particular de urgência que poucos filmes possuem. Esta é a História de todo um povo, e seu desejo coletivo de justiça e de boa fé. Um épico, não em escala, mas no âmbito emocional e político." 

Martin Scorsese, World Cinema Foundation



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